Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Trabalhos realizados no âmbito da Unidade Curricular do Mestrado em Pedagogia do eLearning, Universidade Aberta


“Educação digital e ecossistemas de aprendizagem em rede” foi o primeiro tema da UC Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Lançado o desafio de leituras, discussão numa sala virtual e participação numa reunião síncrona, esta reflexão pretende dar conta da ‘viagem’ que realizei ao longo destas semanas de trabalho.

O ponto de partida ocorreu com a análise do tema: O que é educação digital? O que são ecossistemas de aprendizagem em rede? 
De acordo com as leituras realizadas, a educação digital assenta em processos de ensino/aprendizagem em que atores humanos e não humanos coexistem e criam relações de dependência, uma vez que a ação de um interfere com a ação dos outros, compreendendo “desde processos de ensino e aprendizagem enriquecidos por tecnologias digitais e/ou redes de comunicação, até ao desenvolvimento de uma educação totalmente online e digital, tendo variabilidade na frequência e na intensidade tanto de tecnologias digitais, quanto de redes de comunicação” (Moreira, Henriques, Barros, Goulão, & Caeiro, 2020, p. 5). O facto de se tratar de um processo implica a intencionalidade do ato em adquirir conhecimento e/ou desenvolver competências, mas neste caso com recurso às tecnologias. Poder-se-á então considerar um curso online como educação digital, ou um exercício de kahoot numa aula presencial, ou assistir a um tutorial no Youtube, ou ainda questionar o ChatGpt como exemplos de educação digital? Em conformidade com o que foi exposto, julgo que sim por existir a intenção de aprender/recolher informação e haver a utilização inclusiva ou exclusiva da tecnologia em interação com o estudante.
O chamado ensino remoto de emergência não tendo sido exímio, alavancou de forma significativa a educação digital. De um momento para o outro o mundo da educação procurou soluções digitais, contactou e apropriou-se de plataformas, formulários, serviços de videoconferência ou de armazenamento na nuvem, editores de texto. Professores e alunos mergulharam no mundo digital e arrastaram as famílias. 



No que concerne ao conceito de ecossistema de aprendizagem em rede, verificamos que a designação de “ecossistema” remete para um ambiente de interação harmoniosa e “rede” para o ambiente digital, mas desta feita para um digital que facilita a colaboração, a partilha. Uma rede que permite a interação e, simultaneamente, uma rede de conhecimentos, exposta, disponível, aberta. Fazem parte deste ecossistema digital os professores, os estudantes e os conteúdos educacionais, enquanto fatores bióticos e as tecnologias que permitem as interações, como fatores abióticos (Moreira, Henriques, Barros, Goulão, & Caeiro, 2020, pp. 5-6). Para a garantia da sustentabilidade do ecossistema no cumprimento da sua missão de promoção do conhecimento, desenvolvimento de competências, colaboração e partilha, têm sido construídos modelos de aprendizagem virtuais.
Mais uma vez, a pandemia assume um papel preponderante na emersão de uma nova pedagogia que tenha em conta os avanços tecnológicos, as expectativas e motivações dos estudantes e as novas exigências do mundo laboral, que se adapta ao ritmo vertiginoso da mudança. Muitas empresas mantêm o teletrabalho, generalizou-se a comunicação com recurso ao correio eletrónico, pretende-se, na área da educação, uma avaliação externa totalmente online até 2025, entre tantas outras mudanças que, volvidos três anos, nos parecem rotineiras. O que mudou, nesse caso, no mundo da educação? Generalizou-se, por exemplo, a apetência para a utilização de tecnologias; o acesso rápido ao conhecimento; a abertura do conhecimento pela disponibilização dos recursos, promotora da partilha e da revisão pelos pares; a ausência de espaço e de tempo no processo de ensino/aprendizagem, quando a sala de aula é virtual; o paradigma da avaliação que tem em conta não só o saber, como também o saber-fazer e o saber-ser. ”Technology allows us to teach differently, to meet new needs as well as old ones. Students can also learn differently, with access to digital content, mobile delivery, new forms of assessment, learning analytics to guide choices and progress, and interaction and communication with peers around the world.” (A New Pedagogy Is Emerging... and Online Learning Is a Key Contributing Factor, 2020, p. 16). Desta forma, analógico e digital passaram a partilhar o mesmo espaço, dando lugar a um hibridismo promotor de interação que conduz à criação de um só ambiente, de um ecossistema.



Na Sala de Aula Virtual 1, foram discutidos vários aspetos decorrentes das leituras realizadas e do confronto destas com as experiências pessoais e profissionais, destacando-se o conceito de hibridismo pela fusão do analógico e do digital. “A cultura que conjuga tecnologias digitais e conhecimento humano modifica saberes e formas de apresentá-los, enfatizando a produção de conhecimento” (Quintela, 2018, p. 22) Prevenindo o uso entusiasta das tecnologias que em certa medida, como foi referido pela colega Sônia Cotrim, “o uso de diversas ferramentas de aprendizagem online/plataformas pode gerar uma sobrecarga cognitiva para estudantes e professores, dificultando a organização e a gestão do processo de ensino e aprendizagem.”, o caminho parece ser o da aliança, transformando a sala de aula num espaço favorável à interação, à discussão e reflexão com recurso às tecnologias que facilitem efetivamente a construção do conhecimento. “This requires a re-thinking of teaching and learning practice, as well as classroom layouts, as more interaction takes place, involving the students, instructors, and outside experts who participate in-person or virtually.” (A New Pedagogy Is Emerging... and Online Learning Is a Key Contributing Factor, 2020, p. 5)
Esta nova realidade tem obrigado a uma mudança na gestão de sala de aula. No rescaldo da pandemia ou numa nova era, a população estudantil mudou. Pretendem o acesso fácil aos conteúdos, consomem-nos na internet, assumem como verdades o que leem e veem online e o trabalho do professor ficou mais complexa, por exigir a aliança entre o saber e a criatividade. É necessário ser criativo para transmitir esse saber, dar espaço para o aluno expor o que sabe/viu sobre o assunto e desconstruir ou aprofundar ou solicitar a pesquisa sobre o tema a abordar e a discussão da informação recolhida para uma sistematização, por exemplo. O papel do professor ao longo da escolaridade obrigatória é agora muito mais exigente, porque compete com um manancial de informações, com a destreza do aluno na recolha de informação e com a exposição “sem rede”. Acompanhar as novas tendências e adequar os planos de aula a essas tendências obrigam à criação de ambientes híbridos, para que a presença, real ou virtual, seja efetiva e não apenas "de corpo presente", procurando a adequação da oferta às exigências do mercado e à necessidade de dotar os estudantes das ferramentas necessárias à inclusão num mundo cada vez mais exigente, em que o trabalhador deve mostrar flexibilidade, conhecimento e know-how, a fim de se ajustar permanentemente às necessidades da empresa. Esta adaptação terá fases de rutura, de distorção, de experimentação inconsequente, até acompanhar convenientemente o progresso a que se assiste fora do mundo educacional.
Enquanto professora/formadora tenho tido a necessidade de alterar as minhas práticas letivas, que procuram favorecer o ensino pela descoberta, o trabalho de projeto e a competência da comunicação, utilizando a tecnologia paralelamente ao manual escolar e ao caderno diário. De realçar que na apresentação de trabalhos, os alunos e os formandos recorrem cada vez mais à edição de vídeo e a gravações, trazendo para a sala de aula as suas experiências e os seus conhecimentos digitais. Enquanto estudante da Universidade Aberta, tenho tido a oportunidade de experienciar um modelo de aprendizagem virtual e a pertença a um ecossistema de aprendizagem em rede e considero que, não sendo perfeito, está mais perto daquilo que considero ser o futuro da sala de aula virtual ou presencial. O professor aparece aqui como um facilitador da aprendizagem, pela disponibilização de recursos, pela abertura de espaços de discussão e pela criação de tarefas de aplicação dos conhecimentos adquiridos. Idealmente, a presença do professor seria frequente, com o intuito de focar a discussão nos temas pretendidos, esclarecendo ou corrigindo, disponibilizando feedback oportunamente. Esta experiência tem-me feito pensar que os modelos pedagógicos virtuais estão na vanguarda da educação e, como tal, tenho-me apropriado daquelas que considerei boas práticas e desafiei-me a introduzi-las na minha sala de aula. Será este o foco e a pertinência da minha aprendizagem ao longo da vida.
Bibliografia consultada:
A New Pedagogy Is Emerging... and Online Learning Is a Key Contributing Factor. (04 de 08 de 2020). Obtido de teachonline.ca: https://teachonline.ca/tools-trends/how-teach-online-student-success/new-pedagogy-emerging-and-online-learning-key-contributing-factor
Moreira, J. A., Henriques, S., Barros, D., Goulão, M. d., & Caeiro, D. (2020). Educação Digital em Rede: Princípios para o Design Pedagógico em Tempos de Pandemia. Lisboa: Universidade Aberta.
Portugal, U. A. (24 de 04 de 2018). Modelo Pedagógico da Universidade Aberta. Obtido de YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=uLIthNNl7BQ
Quintela, A. J. (2018). A escola, o digital, o analógico: a confluência dos mundos. Recife: PIPA Comunicação. Obtido de https://pt.slideshare.net/LourismarBarroso1/ebook-a-escola-o-digital-e-o-analgico
Roux, S. (25 de 02 de 2021). Digital transformation in education: challenges and opportunities. Obtido de YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=GF9gVa8tUI8
US, D. (18 de 12 de 2016). Digital Education: The future of learning. Obtido de YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=nmu7kEzAQus


_____________________________________


O segundo tema da UC de Ambientes Virtuais de Aprendizagem centrou-se no assunto das Tecnologias para a Criação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Partiu da proposta de visionamento de um vídeo do professor José António Moreira sobre tecnologias digitais e da leitura do artigo "Educação e Ambientes Híbridos de Aprendizagem. Um Processo de Inovação Sustentada" e do livro Handbook of Emerging Technologies for Learning que serviram de base para uma discussão na sala de aula virtual "Tecnologias e Softwares para a criação de AVAs". Por fim, os estudantes foram convidados a entrar na sala de aula VIDEOANT, a assistir  e a comentar a intervenção no evento português de transformação digital "Building The Future" do professor José António Moreira e de Rui Grilo, Diretor de Educação da Microsoft.
O vídeo “Tecnologias Digitais Interativas” despertou-me o interesse para três assuntos que foram analisados a partir da bibliografia disponibilizada e complementada com outras leituras e com 29 anos de docência: 
A incorporação das tecnologias em modelos pedagógicos;
A centralidade da comunicação;
A aposta na formação.
Porquê, então, incorporar as tecnologias em modelos pedagógicos? 
Porque são uma tendência, facilitam a comunicação, agem ao nível da motivação e promovem a sustentabilidade. Siemens & Tittenberger   (2009, p. 4) referem as pressões de mudança com a educação que desempenham um duplo papel na sociedade. Por um lado, incorporar as novas tendências emergentes, como redes sociais, blogues, wikis. Por outro lado, manter a tradição de influenciar a sociedade a lutar pela manutenção e aplicação dos valores democráticos. Educar para a cidadania, para a participação social ativa e crítica, como sempre se fez, mas sem ignorar a sociedade digital em que vivemos. É, portanto, imperioso, “repensar o paradigma educacional onde a comunicação possa assumir um papel fulcral unindo e aproximando atores humanos e não-humanos” (Moreira & Horta, 2020, p. 6)
Quais as vantagens do digital de informação?
Maneira (2008, pp. 18-19) elenca sete vantagens: a condensação da informação apresentada em menos suportes materiais, a unificação dos suportes, a fidelidade ao original na utilização de cópias, a facilidade de pesquisa, a rapidez de acesso devido à internet ou redes telemáticas e a versatilidade na interação com o conteúdo. Em educação, devem-se acrescentar a estas vantagens, a capacidade de motivação pela inclusão de tecnologias digitais do domínio comum na sociedade em rede e digital em que vivemos e a valorização da aprendizagem ao longo da vida pela promoção da ubiquidade da educação.
A que se refere a centralidade da comunicação na educação?
O foco na comunicação obriga a uma interação ponderada entre atores humanos e não humanos, sem que nenhuma das partes seja relegada ou sobrevalorizada. O professor passa a ser um mediador, um coautor, mentor e um construtor de redes, focado em “práticas críticas-reflexivas” (Pimenta, 2006, citado em Borgato, Paniago, & Morales-Morgado, 2020). 
Quais as vantagens da formação de professores?
A incorporação das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem requer múltiplas competências ao professor: o domínio das tecnologias, a capacidade de selecionar as que melhor se adequam ao seu público, à modalidade de ensino e ao conteúdo a transmitir, o (re)conhecimento de modelos pedagógicos emergentes, a flexibilidade para a atualização da disciplina, a fim de, segundo Pimentel (2018) diversificar, agindo no campo da motivação e da experimentação, visando a inclusão no mundo do trabalho e de realizar um trabalho de tutoria com recurso a redes sociais, onde, regra geral, o estudante se movimenta com relativa descontração.
De que forma e educação e ambientes híbridos de aprendizagem são um processo de inovação sustentada?
Moreira & Horta (2020, p. 6) referem que, segundo os híbridos, a nova tecnologia disruptiva é aliada à antiga tecnologia, assumindo-se como uma inovação sustentada que alia a sala de aula física à educação online. Neste sentido, estes autores apresentam quatro modelos principais de blended learning:
  • Modelo de Rotação em que o aluno segue um roteiro, cumprindo uma atividade online. Este modelo divide-se me quatro submodelos: Rotação por Estações, em que todos, no final, desenvolveram as mesmas atividades de forma colaborativa ou individual; Laboratório Rotacional em que um dos espaços físicos é a sala de informática que apresenta uma componente online mais individualizada e personalizada; Sala de Aula Invertida, onde o acesso aos conteúdos em feito em casa, num ambiente online; Rotação Individual assente num plano individualizado de aprendizagem, que pode não prever a passagem por todas as estações;
  • Modelo Flex em que o aluno se movimenta por módulos e cursos atendendo ao seu ritmo e planeamento;
  • Modelo A La Carte ou Self Blend, em que todas as atividades ocorrem em ambientes virtuais com a presença online do professor;
  • Modelo Virtual Enriquecido que articula sessões presenciais com sessões online obrigatórias.
Na sala de aula virtual 2 - Tecnologias e Softwares para a criação de AVAs, colaborei centrando a minha atenção em três palavras que se afiguraram de suma importância nas leituras realizadas: intenção, comunicação e inclusão, ou seja, a intenção pedagógica, a comunicação das valências e a inclusão no sentido transformador. Das intervenções dos colegas, considerei muito pertinente a enumeração de princípios para a seleção e inclusão de plataformas e tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem propostos pelo colega Pedro Videira: a definição de objetivos e metas de aprendizagem concretos, a seleção das plataformas e tecnologias de acordo com os critérios de fiabilidade e de adequação aos objetivos e às condições de acesso dos alunos. Considerei apenas que a inclusão de plataformas e ferramentas que acarretem custos não deve ser equacionada por pôr em causa a equidade do processo. No que concerne à proposta da colega Leila Ostoyke de inclusão daquelas que fazem parte do quotidiano dos jovens, penso que a sua utilização deve ser feita com contenção, uma vez que há demasiada exposição e a incapacidade de efetuar um controlo pleno no que concerne à adequação da interação, tendo em conta que o que ocorre na internet pode perpetuar-se. O WhatsApp, por exemplo, possibilita a celeridade da comunicação, mas obriga à partilha de um contacto pessoal, que pode resvalar em experiências negativas. Penso que a utilização das redes sociais e de ferramentas de comunicação deve ter muito em conta a maturidade do público.
A colaboração na Sala de Aula Virtual VIDEOANT não foi tão profícua como desejaria por motivos de saúde, no entanto, da leitura que fiz de todas as publicações, gostaria de ressaltar a discussão em torno da gratuitidade das ferramentas e da exigência de criação de ambientes de aprendizagem seguros. Penso que a minha opinião está muito condicionada pela minha experiência enquanto docente dos ensinos básico e secundário. Nestes níveis julgo haver um manancial de ferramentas gratuitas que podem proporcionar a inclusão e a comunicação desde que utilizados com uma intenção pedagógica concreta e ponderada e que não incorrem no risco de ter má utilização.
Estarei então a trabalhar num projeto de blended learning?
Esta unidade fez-me refletir acerca do meu trabalho e da inclusão que tenho feito de ferramentas e plataformas digitais enquanto docente, sobretudo no ensino secundário, onde há a urgência de:
promover no estudante um papel ativo; ajudar o aluno a elaborar o seu próprio conhecimento a partir da interação com o professor, os colegas e recursos; estimular a aprendizagem autónoma; promover o desenvolvimento de projetos de pesquisa para responder a problemas; promover a exploração de novos conteúdos através de recursos digitais e outras fontes de informação- e estimular a comunicação discussão ou colaboração com outros participantes nos diferentes espaços de aprendizagem (Moreira; Henriques; Barros, 2020, citado em Moreira & Horta, 2020)
Embora não o faça formalmente, ou seja, a partir da criação prévia de um Guia Pedagógico, têm sido tomadas algumas opções metodológicas e pedagógicas que influem ao nível da motivação e da aprendizagem, como por exemplo:
- a propósito da célebre resposta “Ninguém” à pergunta “Quem és tu, Romeiro?” na obra Frei Luís de Sousa, foram os alunos convidados a perceber a atualidade do assunto e a questionar ex-combatentes da guerra colonial ou familiares que os receberam. As entrevistas foram gravadas em áudio ou vídeo, conforme o consentimento dos participantes e compiladas numa peça jornalística, gravada na sala do futuro com recurso ao Fundo Verde;
- edição de vídeos em grupo para apresentação de trabalhos de literatura comparada entre Cesário Verde e Bernardo Soares;
- trabalho colaborativo das disciplinas de História A e Português sobre “O Tempo de Pessoa”, que procurou evidenciar marcos históricos e biográficos na poesia de Fernando Pessoa, mediante a aliança de recursos analógicos e digitais;
- utilização do Voki para a apresentação de trabalhos de um aluno com uma doença degenerativa;
- utilização das plataformas educativas “Escola Virtual” e “Aula Digital” para realização de atividades com recursos mais aliciantes, nomeadamente, Kahoot, vídeos educativos, quizzes, Escape Room;
- criação de questionários no Kahoot, Plickers e Google Forms para sistematização de conhecimentos;
- utilização do Padlet, Classroom e blogue da turma para partilha de trabalhos.
A inclusão das plataformas e das ferramentas digitais têm sido incorporadas em planos de aula, de acordo com a recetividade dos estudantes às obras literárias em análise e à necessidade de realização de trabalhos que estimulem a autonomia, o espírito crítico e desenvolvam as competências digitais. No último debate realizado em sala de aula, coloquei a questão “O ChatGPT tem potencial para ser integrado nas minhas aulas?” A primeira resposta foi: “Desde que não conte aos outros professores que ele existe…”

Borgato, J. S., Paniago, M. C., & Morales-Morgado, E. M. (2020). Pensar en el profesor de educación en línea en tiempos de cibercultura. Linhas Críticas, 26, pp. 1-24. doi:DOI10.26512/lc.v26.2020.30960

Maneira, A. C. (01 de 2008). Interfaces de comunicação para o ensino-aprendizagem. Obtido de RUN Repositório da Universidade Nova: https://run.unl.pt/handle/10362/34457

Moreira, J. A., & Horta, M. J. (2020). Educação e Ambientes Híbridos de Aprendizagem. Um Processo de Inovação Sustentada. Revista UFG, pp. 1-29.

Pimentel, M. (set./dez de 2018). Princípios do desenho didático da educação online. ReDoc - Revista Docência e Cibercultura, 2(3), pp. 33-53.

Siemens, G., & Tittenberger, P. (2009). Handbook of Emerging Technologies for Learning. Bucks County.

_____________________________________


O tema 3, "Plataformas Digitais, Ambientes Virtuais 3D, Redes Sociais e Jogos Digitais" constitui-se, simultaneamente, como o tema mais desafiante e como aquele que foi mais ao encontro das minhas expectativas na frequência de um mestrado em Pedagogia de e-Learning. A minha prática letiva ocorre em ambiente físico e a experiência no ensino a distância é reduzida e foi, na minha ótica, pouco eficaz. Ciente das potencialidades pedagógicas do mundo digital e do aumento da motivação através da sua inclusão, procurei um mestrado que me ajudasse na utilização pertinente e eficaz de ferramentas e recursos digitais.

No que concerne aos jogos digitais, a experiência pessoal é curta e restringe-se à Wii, entendida como uma forma de divertimento e desenvolvimento de competências, aliados à competição saudável em família. A nível profissional, tomei como referência as três perspetivas enunciadas por Alves (2014): 1.ª criar interação com ferramentas computacionais no sentido de serem criados jogos; 2.ª estimular a discussão acerca dos jogos; 3.ª utilizar jogos educacionais. Efetivamente, já tenho solicitado a apreciação crítica de jogos comerciais em anos letivos do ensino básico, idade em que é despendido muito tempo a jogar, constituindo-se como uma opção futura o diálogo, a partilha de experiências e a discussão acerca das potencialidades ao nível da motivação, ‘autoaprendizagem’ e ‘autoeficácia’ (Chen & Liang, 2022, p. 2). O jogo pode trazer aprendizagens à medida que vão sendo completadas etapas e cumpridos objetivos e, constitui-se como uma metodologia estimulante ao nível da motivação e empenho “em que o aluno está imerso e concentrado em algo específico, participando e desfrutando do processo” (Soriano-Pascual, Ferriz-Valero, & García-Ma, 2022, p. 9)

A experiência neste tema permitiu o alargamento de horizontes e o despertar para as potencialidades da introdução do jogo em práticas letivas, partindo do pressuposto de que, segundo Yu et al. (2022) citado por Chen & Liang  (2022, p. 4) “a utilização da gamificação no ensino pode ativar o pensamento dos alunos, melhorar as suas capacidades de comunicação e ajudá-los a mudar a sua forma inerente de pensar.”. Jogar implica, então, “a resolução de problemas, a cooperação e a cooperação e comunicação”, de onde sobressai o potencial educativo. (Chen & Liang, 2022, p. 2)

O verdadeiro desafio para a conclusão do tema 3 surgiu com a imersão no jogo “Second Life”. O avatar procurou acompanhar a visita guiada proporcionada pela professora Lisiane Machado à Ilha UNISINOS e deixar-se seduzir pela provocação de por momentos viver numa realidade paralela, num mundo virtual digital 3D.

O que pode trazer esta experiência no campo da inovação? O vídeo que se segue pretende evidenciar diferentes incursões em espaços alternativas com potencial pedagógico, experimentados ou, quem sabe, a utilizar futuramente.


Ainda no desenvolvimento do tema 3, fomos convidados a (re)pensar no potencial das redes sociais na educação. Neste campo, a minha atenção recaiu no Instagram e no Tik Tok, por serem as redes mais utilizadas pelos estudantes dos ensinos básico e secundário. Destas optei por explorar o Instagram.

Das leituras efetuadas, destaco um estudo sobre a aprendizagem da língua inglesa como língua de acolhimento. O processo realizou-se com recurso ao Instagram e o estudo evidenciou, entre outras, as seguintes vantagens do recurso: aquisição de vocabulário e desenvolvimento da autonomia ao nível da construção de texto, apropriação de regras gramaticais e melhoria da pronúncia; desenvolvimento da competência da escrita através dos comentários e respostas; celeridade na identificação dos constrangimentos e erros (Ramazanova, Togaibayeva, Yessengulova, Baiganova, & Yertleuova, 2022)

Os artigos e os trabalhos de investigação consultados apontavam para o potencial pedagógico da utilização do Instagram no ensino nas línguas, o que me levou a refletir acerca do que tem sido feito e do que poderei vir a fazer.


Alves, L. (21 de 09 de 2014). Games e Aprendizagem Baseada em Jogos Digitais. Obtido de J. António Moreira - Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=7YtJ79m0hqI

Chen, J., & Liang, M. (10 de 10 de 2022). Play hard, study hard? The influence of gamification on students’ study engagement. Obtido de Frontiers: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2022.994700/full

Handayani, F. (2016). INSTAGRAM AS A TEACHING TOOL? REALLY? Obtido de ISELT-4: file:///C:/Users/aemoura/Downloads/6942-13821-1-SM.pdf

Monteiro, A., Figueiroa, A., Couto, J., & Campos, O. (2018). Ambientes Educativos Inovadores em Portugal: uma perspetiva. Saber & Educar.

Ramazanova, D., Togaibayeva, A., Yessengulova, M., Baiganova, A., & Yertleuova, B. (26 de 07 de 2022). Using Instagram to raise the effectiveness of distance learning in English: The experience of Kazakhstani students. Obtido de Frontier: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/feduc.2022.923507/full

Santo, E. d., Cardoso, A. d., dos Santos, A. G., Barros, D. M., & Moreira, J. A. (2019). Perfil de Uso do Espaço Virtual como Estratégia Pedagógica para a Práxis Educativa Online. Obtido de Repositório Aberto: https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/13365

Schoolnet, E. (2013). Future Classroom Lab Learning Zones. Obtido de Edufor: https://edufor.pt/icl/documentos/FCL_LearningZones-Description_PT.pdf

Simões, I. C. (02 de 2020). As dinâmicas das salas de aula do futuro - um estudo de caso. Obtido de UC: https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/94883

Soriano-Pascual, M., Ferriz-Valero, A., & García-Ma, S. (08 de 12 de 2022). Gamification as a Pedagogical Model to Increase Motivation and Decrease Disruptive Behaviour in Physical Education. Obtido de MDPI: https://www.mdpi.com/2227-9067/9/12/1931

_____________________________________



O tema quatro solicitou a criação de uma ação de formação numa plataforma online de apoio ao processo de ensino-aprendizagem.

A utilização de plataformas, ou das TIC, em geral ocorre de forma mais significativa no ensino a distância do que no presencial, pois “a preparação dos professores para usar as TIC não tem sido uma prioridade educativa proporcional ao equipamento das escolas com infraestruturas informáticas, deixando transparecer a ideia errada de que a introdução do computador e da Internet pode resolver muitos dos problemas do ensino e da aprendizagem” (Alves, 2008; Piano, 2007). (Dias, Alves, Abrantes, & Rodrigues, 2016, p. 120)

Com a pandemia, o uso de plataformas de trabalho nas escolas e centros de formação generalizou-se, mas poderá não estar a ser utilizada nas suas múltiplas valências, conforme explicitado por Dias et al. (2016, p. 134) relativamente à plataforma Moodle. que “apresenta uma crescente implantação, embora circunscrita, maioritariamente, à colocação de informações, fazendo pouco apelo às suas funcionalidades mais ambiciosas — os chats ou os fóruns” e que poderá ser extensível a outras plataformas.

Pereira et al. (2007) “consideram que os Ambientes Virtuais de Aprendizagem utilizam a Internet para possibilitar de maneira integrada e virtual: (1) o acesso à informação por meio de materiais didáticos, assim como o armazenamento e disponibilização de documentos (arquivos); (2) a comunicação síncrona e assíncrona; (3) o gerenciamento dos processos administrativos e pedagógicos; (4) a produção de atividades individuais ou em grupo.” (Dinis, 2022, p. 6)

Efetivamente, com o recurso a AVA, existe a possibilidade de:

- aceder a conteúdos e estudá-los tendo em conta o próprio ritmo, em diversos ambientes, com horários diferenciados, tornando-se o estudante mais participativo e protagonista do seu processo de aprendizagem (Bitencourte, 2020, p. 20);

- fornecer feedback em tempo razoável ou até imediato através dos chats ou os fóruns (Dias, Alves, Abrantes, & Rodrigues, 2016, p. 119);

- identificar as frequências de utilização e medir ou avaliar o desempenho dos alunos. (Bitencourte, 2020, p. 25).

Das plataformas existentes, farei referência ao Google Classroom e ao Moodle por serem aquelas com que trabalho. As instituições que adquiriram a licença da Microsoft têm optado pelo uso da plataforma Teams, no entanto, o Google Classroom deverá ser a mais utilizada por ser gratuita. Por pertencer ao Google permite ainda incorporar ferramentas como Docs, Sheets, Slides, Drive, Gmail.

Dinis (2022, pp. 5-6) refere-se ao Google Classroom “numa dinâmica de construir e gerir uma comunidade que transcenda a própria disciplina curricular e a sala de aula tradicional e que permita desenvolver competências potenciadas com a utilização da plataforma (organização, responsabilidade e autonomia), rentabilizando as suas funcionalidades (secções stream, trabalhos da turma e notas/classificações) e possibilitando a interação com outras ferramentas digitais” Por seu turno, Coutinho e Alves (2010) refere-se ao Moodle que, entre outras funcionalidades possíveis, “disponibiliza fóruns eletrónicos que suportam a comunicação e o trabalho colaborativo” (Dias, Alves, Abrantes, & Rodrigues, 2016, p. 119)

Efetivamente, as duas plataformas permitem todas as valências observadas anteriormente, embora com graus de eficácia ou intuitivos diferentes. O meu trabalho com a plataforma Moodle tem ocorrido no decurso do processo de classificação de Provas Nacionais, embora com uma utilização muito restrita que se cinge ao esclarecimento de dúvidas nos fóruns. Esta é, no entanto, uma realidade recente, uma vez que, com vista à fiabilidade de resultados, foi necessário “disciplinar” a participação que se deve remeter à colocação de questões objetivas de aplicação de critérios de classificação e ao fornecimento de respostas claras e concisas. Nos primeiros anos de vigência do modelo era possível fazer uma apresentação e partilhar um cibercafé, a fim de humanizar o processo e permitir uma experiência mais colaborativa. No entanto, as participações transformavam os fóruns em chats e a informação essencial perdia-se.

A este propósito dever-se-á distinguir estas duas modalidades de comunicação: o chat e o fórum. “No primeiro, pela sua natureza síncrona, predominam as comunicações instantâneas ou quase instantâneas. Pelo contrário, a natureza assíncrona dos fóruns permite a produção de respostas de maior qualidade, porque podem produzi-las em função do tempo necessário para processarem uma reflexão.” (Dias, Alves, Abrantes, & Rodrigues, 2016, pp. 119-120)

O Google Classroom é a plataforma adotada no agrupamento de escolas onde leciono e, embora a maior parte dos professores faça uso, a comunicação é maioritariamente unidirecional, servindo, sobretudo, como repositório de documentos ou instruções de trabalhos.

Relativamente ao trabalho de criação de uma ação de formação na plataforma de trabalho online, pelo cariz da opção temática, o uso da plataforma remeteu-se para o seu uso instrucional, uma vez que o grande objetivo seria o de utilização de recursos e ferramentas digitais aplicados ao ensino da literatura. Os “Módulos de Formação de Docentes” desenvolvidos no âmbito do Programa de Digitalização para as Escolas preveem a capacitação para a aprendizagem das línguas, que, fazem um uso mais regular das TIC do que a literatura, ainda muito confinada à leitura em suporte de papel e ao trabalho de resposta a itens de interpretação textual. Cada vez mais desfasada dos interesses dos alunos, urge munir o corpo docente de Português de ideias para trabalhar a competência da educação literária.

A ação de formação criada no âmbito desta UC poderá ter utilidade prática, caso se consiga criar uma comunidade de aprendizagem que, de forma colaborativa, possa criar roteiros de aprendizagem em contextos híbridos no seio do grupo da área disciplinar de português.





Bitencourte, A. D. (2020). Uso de Plataformas Digitais por Alunos dos 2.º e 3.º Anos do Ensino Médio Noturno no Apoio ao Processo de Ensino e Aprendizagem. Obtido de IPB: https://bibliotecadigital.ipb.pt/handle/10198/23161

Dias, P. C., Alves, N. d., Abrantes, P., & Rodrigues, C. F. (2016). Utilização da plataforma Moodle em Portugal: Moodle nas escolas do ensino básico e secundário em Portugal. Sociologia Problemas e Práticas, pp. 115-140. Obtido de https://journals.openedition.org/spp/2367?lang=pt

Dinis, R. M. (09 de 06 de 2022). Construir e Gerir Comunidades Virtuais de Aprendizagem com o Google Classroom. Obtido de Politécnico de Leiria: https://iconline.ipleiria.pt/handle/10400.8/7823




Comentários

Mensagens populares